jueves, 18 de diciembre de 2008
A despedida.
Eu saia do carro,
Enjoado.
O relógio entornava as horas…
Malditas e moribundas.
Os olhos entornavam lágrimas...
A mala pesada..
torta.
“Renoir.. por que não?”
cheia de tantos vazios.
o aeroporto vazio,
cheio de tanta gente.
Ela a meu lado..
“Um quadro de Van Gogh”
chorava certamente.
Corrompida...
O silencio..
Desabrigado.
A mala pesada
E ingênua...
Eu a abraçava...
Embriagado...
A mala caía.
Eu a retomava...
Cinza...
Calada...
Ela me seguia...
As pessoas sorrindo,
Indo ou vindo.
Distantes.
Eu cansado...
O rosto dela entornado...
As horas e as lágrimas...
O piso... o pé.
A mala pesada, o carro.
O asfalto.
O bilhete... a viagem
As pessoas...
As promessas,
Os avioes, os pássaros..
O corredor, o medo.
As lágrimas...
Eu pensava...
Era dia...
“Um quadro de Van Gogh”
Ela chorava...
“Renoir...
Por que não?”
Desconcertada e sozinha...
Eu a abraçava,
Devagar...
A mala caía...
rápida
Eu a beijava...
Suave.
A mala esperava...
Tonta...
Eu a sorria...
Cúmplice.
A mala seguia...
Torta.
Eu implorei que não me esperasse.
Ela disse que não me esperaria,
Nem que eu implorasse.
A boca, a língua
Seguiam...
Os dedos segurando a roupa,
Tesão... medo...
Desespero... dia.
A mala cheia de tempo
A boca de dor,
Os olhos de pessoas...
Os aviões e os pássaros esperando...
O embarque,
Adeus... era dia...
O Rio... calado...
A divisão, o abandono...
O medo... o amor...
A promessa...
De Solidao.
A viagem..
Quando olhei pra trás
“Um quadro de Van Gogh”
Já não a pude ver,
“Renoir... por que não?”
Ela já não existia.
Calada...
E eu existia...
Tardio...
Porém um pouco menos.
O aviao decolou...
Em silêncio.
A mala cheia d medo,
Vazios...
Os olhos de pássaros...
De cores...
A boca de amor...
Suor... a rua...
A viagem.. os carros...
O asfalto, duvidas.
As mãos de nervoso
Olhei para trás...
Colocadas no bolso...
O beijo...o chão..
As lágrimas tristes...
O rosto adiado...
Dissecado pelas horas...
Pêlos e apelos...
inúmeras promessas.
Eu voei...
Os pássaros
Para além das montanhas,
As nuvens em tons...
Por medo...
Altura...
Ela eu nao sei...
Há mais de um ano nao a vejo.
=)
lunes, 8 de diciembre de 2008
Devassa.
E entao quando eu vi era o mar..
Absoluto, com seus olhos abertos de ansiedade.
Com aquela boca molhada e crua de maré
E a cálida língua distante e salgada de curta idade.
Olhamo-nos os olhos como náufragos..
Sem dizer palavra alguma, tocamo-nos os lábios tardíos
À pele fria. Era o desejo, era a sangría.
Se entornava no teu peito a tempestade
E nos arrebatava os corpos nús e vadios..
Nao dissemos palavra alguma..
Pois palavra alguma, nesse entao, nos caberia..
Éramos apenas tu e eu, devasso amor meu.
Pela vida que a língua do mar a golpes nos abria.
Luiz
=)
miércoles, 5 de noviembre de 2008
Tenra -
Primeiro foram os labios
Que me morderam e eu fui lento..
Depois o vento, depois a mao.
No corpo facil, humido...
Passou o mundo e nao foi nada;
Passaram os dedos, centinelas
De plantao à meia noite.
Volúpia, tardia e sincera,
Fresca como a noite
De olhar amplio e estrelado.
Nao era nada, nao era ela...
Núa em meus olhos refletindo
Os Olhos de agua, de manta,
De suplicas que perduravam.
Da roca que nasceu e respirou
Como quem respira pela primeira vez...
Nao era certo, nem era válido!
Calmamente como quem morre,
Ela consentia;
Claramente como quem dorme,
Ela se permitia.
E era tantas que nem mesmo eu,
Cidadao ausente de mercurio,
Pude saber quem era à seu lado.
Veloz e inocente, mergulhada
Em um eterno redemoinho de tempo...
- “Talvez se foi a vida,
E nao nos demos conta...
Ou talvez os dedos, ou quem sabe os labios...
Ou algo mais nos braços de carne.” -
Sua brancura tenra...
imspossivel esquece-la.
Seus corpos obtusos, difusos, distantes
na imensidao que era eu.
Suas pernas atravessando minha vida
Me cortaram em tres, em sete...
E eu era mil; de tao sóbrio e ansioso.
É tudo o que dessa noite recordo.
Ela, Saida da cinza... do vento veloz.
Do fogo omnipresente e feroz,
Da alma platonica, do útero do mundo,
Morrendo em sua reluzente beleza equivoca,
Pintada em louvores na retina dos meus olhos.
...
jueves, 23 de octubre de 2008
- Noites aladas
Noites aladas
De braços abertos, de olhos vendados..
Paranoico, incessante.. ofuscando
A noite clara de um silencio ocioso,
Com maos de cera
e braços suspensos de pendulo
No ceu lilaz de aço, torpemente
Fugaz como a vida.
Estrelas derradeiras se anunciam...
Serao deuses , meninos de outras eras...
Com seus olhos de serpente..
Com sua lingua anciä.
Lingua avulsa dentre o ego,
Oca... por certo.
Deuses meninos...
Em um inerte mergulho
Nos tais braços, cobiçados pela multidao,
Que euforica chora e grita
E aplaude, tenazmente,
Sua propria ignorancia,
Em um infindo de ovaçoes..
Sao vozes nas noites aladas,
Errantes semblantes pousados
Em meio ao vazio do nada.,
Perante o eco,agudo de seus olhos
Em chama.
=)
jueves, 2 de octubre de 2008
Poema - Tal qual um menino
Tal qual um menino.
Muitas vezes me perdi contemplando o nada,
Como quem olha o declinio de um corpo vazio...
Perpetuando-se, vulgar, na crescente de um rio,
Qual se desperta ao escorrer pela afluente errada.
Muitas vezes me perdi contemplando outros olhares,
Como quem ama em silencio o medo e a vida.
Na constante batalha infundada, nos sonhos perdida,
Me ergo no ego que ergue-se dos oceanos e mares.
Muitas vezes me perdi, tal qual um menino,
No coracao e nas mao sedentas de tantas outras crianças,
Como quem busca, desolado, no meio de infinitas danças
A eternidade bruta num firme, porem leve destino.
Muitas vezes me perdi na vasta solidao do mar,
Como quem se perde no sutil coracao de uma mulher.
Na infrutuosa ofensiva contra aquilo que se quer...
Muitas vezes me perdi na incerteza do amar.
sábado, 20 de septiembre de 2008
Conto - A caminhada no vale.
Eu corria em um campo, aquí nas redondezas, proximo à minha casa. Era setembro – ou ao menos parecia ser – O vento soprava e o sol brilhava, nao muito, apenas o suficiente, era um dia agradavel. Eu Corria em meio as flores amarelas , azuis.. talvez verdes, apenas flores - Nao corria de nada nem de ninguem, simplesmente corria – era cuidadoso, nao ao extremo, mas sim cuidadoso para nao pisar nas pobres plantas, flores, amarelas, verdes ou azuis, nas flores.. nas plantas, no chao.. enfim... corria. E eu escutei alguem ao longe atras de mim à gritar “Thiago...” – pq esse é meu nome – “... Thiago...” e entao eu subtamente parei, virei lentamente para tras...olhei. Olhei e nada vi, nao era ninguem...
Continuei... porem já nao corria, nao da mesma forma que antes, mais bem caminhava rapidamente, - nao com medo, nem mesmo com pressa - apenas caminhava rapidamente... Comecei a descer por uns caminhos, já tinha deixado para tras os campos cobertos de flores amarelas, azuis ou verdes, das flores, das plantas.. do chao.. agora era mais bem areia, pedra e areia. Entao eu fui descendo pelo caminho, chegando à uma especie de vale... ouvia ao longe um ruido de agua. Agua q passava em pedras.. entao fui seguindo o barulho, ate chegar em um lugar entre as pedra. Nem era muita agua, era apenas agua o suficiente para fazer o tal ruido - o ruido era o importante - coloquei minha mao na agua, era agua normal obviamente, nem suja , nem limpa, nem clara, nem escura, era agua... E nesse momento q verti minha mao sobre tal agua, escutei novamente alguem m chamando ao fundo “Thiago... Thiago...” e de pronto me levantei, nao asusstado, mas dessa vez, confesso que mais rapidamente. Olhei para tras, olhei ao redor e nada vi, nao era ninguem...
Lavei minhas maos atravessei as pedras, as aguas, atravessei.. cheguei em um campo de grama, grama verde, um poco mal cuidada, estava crescida, e eu nao percebia muito bem onde pisava, porém continuei à caminhar... – claro pois, agora apenas caminhava lentamente, apenas caminhava... – Era uma subida, já estava cansado, ofegante – posto q meu preparo fisico nao é dos melhores - e subia... Apenas ignorei o cansaço e continuei à caminhar. Ao chegar ao outro lado da subida, - da nao tao ingrimi subida, mas ainda assim uma subida cansativa – estalei meu pescoço, ergui bem meu corpo... continuei à caminhar... cada vez mais devagar caminhava. De pronto, no fundo novamente, ouvi alguem meu nome à gritar “Thiago... Thiago...” e dessa vez virei, virei rapidamente, tao velozmente q nem mesmo saberia explica-lo, olhei para traz, olhei para o lado... vi os campos, as flores, as plantas azuis, verdes, amarelas, as flores, as plantas , o chao e nao era nada... vi a areia, as pedras, as aguas q passavam pelas pedras, e nao era nada... o campo, a grama verde, a grama.. nao era nada... me sentei e observei tudo ao redor e nada vi, nao era ninguem...
lunes, 15 de septiembre de 2008
Conto - Situaçao embaraçosa
Nas primeiras horas, confesso que o achei simpatico, pensei até em me comunicar, contudo, nao estava certamente seguro de que me entenderia, pelo qual permaneci em nosso silencio, nosso admirado silencio.
Conforme passavam os dias, sentia meus pes adormecerem... e de vez em tanto, movia um poco os dedos dentro da minha bota negra, vagarosamente para nao despertar maior atencao, pois nao sabia ao certo o que poderia esperar se o chegasse a incomodar com o ruido de meus dedos raspando a borracha interna de minha bota.
Admito que nos primeiros dias sentia sim, uma fome audaz que corroia meu estomago, mas essa, com o tempo foi diminuindo e depois que os meses se passaram, já nao poderia saber o que era comida, muito menos sono, menos ainda fadiga.
De fato, tinha coisas muito mais importantes com as quais me preocupar... me lembro de passar grande parte do dia pensando no que ele poderia estar fazendo ali... parado, me observando, me ignorando e me observando novamente. Ele sim, poderia estar vivendo sua vida sem precisar, necessariamente, desse fato inesperado. Quanto mais pensava, mais estranho me parecia. Desejaria pergunta-lo, porem seria uma grande ousadia de minha parte e eu nao era homem disso, seria muito arriscado.
Um certo dia – ja passado alguns anos que nos “encaravamos”, por assim dizer – eu percebi que se aproximava, no distante horizonte, uma serie de nuvens muito carregadas para a epoca, pensei comigo mesmo, sempre em silencio –“ ira chover... irá chover chuva das bravas” – curiosamente, nesses anos todos que nos observavamos em silencio, nunca havia chovido, nem mesmo chuvisco, logo pensei que tal chuva serviria, ao menos, para alguma reaçao de sua parte - talvez tivesse medo da agua e com a chuva chegando, seria o final dessa situaçao embaraçosa.- Para minha surpresa tal chuva se aproximou e resolver pairar exatamente sobre nossas cabeças, de maneira que nao dava para desfarçar a dor que ambos sentiamos com as pancadas dessas gotas que levavamos nas maos, nas costas, nos ombros.– hoje em dia nao saberia dizer de que eram feitas precisamente, porem duvido muito que fossem apenas agua limpida -, apesar disso, ele siguiu ali, parado, imovil, me observando, me ignorando e me observando novamente. E eu por falta de imaginacao, por medo, ou por sabe deus o que mais, continuava a responder seu olhar.
E assim se passaram anos, decadas.. e ambos envelhecemos juntos, ali parado nos observando no mesmo lugar de sempre – lugar que mais bem, ja nos parecia nosso lar, pois de fato ja estavamos tao apegados a esse solo, que se nao fosse por ele, presinto que afundariamos, literalmente, em grave desespero -.
Ate que de pronto, um cachorro... um cachorro desses de rua, vagabundos, errantes, se aproximou de mim, - “vai fazer xixi em cima de mim” – nao pude evitar tal pensamento, coisas assim ja haviam acontecido no decorrer desses largos anos – porem para minha surpresa, nao foi isso que aconteceu. Se aproximou calmamente o cachorro a mim – talvez ja farejando no ar o clima de tensao entre nós – e se sentou a meu lado. Ele passou alguns dias a nos fazer companhia, ali sentado e calado. Passado algum tempo lentamente se virou e me disse – “ senhor, pq vcs dois estao se encarando ?” eu obviamente nao sabia o que dizer, nem se de fato deveria dizer algo; contudo, ja haviam se passado tantos anos que nem ao menos era relevante o pq, de todas as formas, eu respondi ao cachorro “amigo cachorro, nem eu ao certo sei o porque, apenas sei que me encontro nessa situaçao embaraçosa durante anos, decadas; durante quase toda minha existencia tenho estado aqui, parado, imovil o observando, tal qual como ele me observa. Hoje é a primeira vez que eu falo algo depois de tantos anos em silencio, creio que ele mesmo já nem escuta e se escuta, provavelmente nao o entenderá.” O cachorro me observou com uma cara piedosa e de quem havia entendido muito poco e me sugeriu que eu de longe tentasse perguntar o pq ele me encarava dessa forma, me observando, me ignorando e me observando novamente. Ja haviam se passado tantos anos, e eu já me encontrava a beira de abandonar minha vida terrenal, achei que já nao havia nada a perder - logo depois soube que estava exaustivamente enganado – e resolvi encarar essa situaçao, com isso termina-la de uma vez por todas, antes que minha morte o fizesse por mim. Entao respirei profundamente, olhei ao cachorro, que me observava com uma cara de conivencia e seriedade, percebi seu consentir com a cabeça, ou ao menos foi a impressao que deu seu olhar . Bravamente estufei os peitos e falei em tom alto e claro para que nao houvesse lugar a duvidas com relaçao ao que dizia - mesmo assim tive que repetir umas tres vezes, dado à fraqueza de minha voz corroida pelo tempo – “ pq me observas ao longo de tantos e tantos anos, baixo chuva, sol, nevoeiras e tempestades nao perdes os olhos de mim, sinto que me observas de uma maneira tal, que chegas a ignorar minha existencia por completa, ou ao menos parcialmente em determinados momentos, pq o fazes ?” e entao ele me observou, como quem se dispede num ultimo olhar e falou “essa era a pergunta que eu tinha entalada em minha garganta durante todos esses malditos anos.” e numa pirueta libertaria e estranha, se virou e batendo suas asas voou para longe.. desde entao nunca mais o vi, porem me sinti muito feliz por ter me livrado dessa situaçao embaraçosa.
martes, 19 de agosto de 2008
Voce e o mar :)
Submergida
Dançavas entre as marés
E eras como quem nao és,
Como uma sensaçao perdida.
Eu me lembro, tu reinavas
Da maré o teu reino de mar.
E ninguem jamais ousou contestar
A coroa vermelha que levavas.
De longe, como uma melodia,
eu vivia teu nome a suspirar.
E tu crecias, dia apos dia...
Até que entao, virastes mar.
E meu suspiro sobre ti se vertia
a tal ponto de tua maré o tragar.
Talvez me trague o mar, vertiginoso,
Com sua boca aberta, qual nada mais sabe tragar,
E quem sabe, uma unica vez me faça mar.
E entao descanse em suave repouso.
Na maré que me alcança ao me entornar,
Me invade e me traga com gosto.
Primeiro pelas maos e depois pelo rosto
Ate o fundo quem sabe encontrar.
E quando enfim eu, agua virar,
E derramar em oceanos,
O que antes ti pareceria meu olhar..
Será apenas minha boca a gritar,
À maré que me consome,
O desejo de ti amar...
sábado, 19 de julio de 2008
Poemas
Clareou o dia, Clara.
Com sua face nua.
Clarearam os olhos, Clara.
com sua vista crua.
Clarearam as aguas claras,
e mais claras ficaram
e algo mais caras
claro, também se tornaram.
E mais caras surgiram
Nas noites já claras.
Porém Clara, eles nao a conhececiam.
Moeda velha de duas caras.
Quando na confusao, Clara,
a noite ficou um tanto escura.
E já nâo se enxergava a cara,
que de tâo cara já nos parecia dura.
E entao claro,
clareou a noite e fez-se dia,
e já nao eram caras nem carros,
era Clara, que clareando, para casa se ia.
Eu me embriago na sensacao de tuas cores e de teus abraços.
E as peles se roçam como se no fundo nao ouvessem iras,
E teus braços me rodeiam e meus braços ti rodeiam, como em dois laços.
E nesse calor chega teu beijo ... e vem tua lingua fria
Serpenteando dentro da minha boca um tanto quanto molhada.
E minha lingua, cansada, busca o fogo da tua, com aspera agonia.
E quando enfim encontra acontece tudo e nao acontece nada.
Depois vem tua mao descendo sobre meu fragil peito,
E tuas unhas me arranham, como alguem que quer mais que o prazer.
E se multiplica em milhoes enquanto desce por esse caminho estreito
E aperta meus ossos doloridos, me sufocando entao, com medo de me perder.
E nesse medo eu volto pros seus olhos que ja estao agora molhados,
Passo minha lingua fervendo nos teus labios de saliva querendo derramar.
Me invade a sensaçao de teu mel calido em marê de corpos ilhados.
E entao finalmente me perco em teus olhos ... e me volto a encontrar.
Fumaça beije a boca, beije o teto.
Volte ao pulmâo , volteie o ventre, desvire o feto.
Beije o espelho se aclare lento quando eu chegue perto.
Entâo beije os olhos e tudo o que ti pareça incerto.
Fumaça beije as paredes que nâo posso reclamar.
Pois, tâo finas sâo que qualquer um atento, poderia escutar
os meus lamentos e maldizeres que canto ao rezar.
Fumaça beije o peito vazio e desnudo, pois ele quer ti beijar.
Fumaça beije o tapete e o papél.
Beije as estantes, as estatuas, os livros de saberes ao léu.
Toque meu rosto em minhas marcas, deixando-me o sabor doce do mel.
Envolva-me em tua glória e deixe esconder-me detrás do teu vél.
jueves, 17 de julio de 2008
Poema - Eu seguirei vivendo
Talvez me trague a terra seca com suas grandes bocas
De oliva, com seus dentes afiados de serpentes ocas.
Talvez me trague incoerente, as noites de estrelas respingadas.
No deserto da escuridao, num lápso de memorias adiadas.
Nao importa, eu seguirei vivendo.
Talvez me trague o cansaço e o misterio do deserto,
Árido e imaculado que os deuses observam de perto.
Talvez me trague o vazio e a ausencia divina de vida
No espaço que sou, no silencio da palavra perdida.
Nao importa, eu seguirei vivendo.
Talvez me trague o sol quente com seu olho aberto,
Platonico Com sua beleza atraente... audaz e incerto.
Talvez me trague minhas proprias maos sedentas
Que ti seguram, pois ao partir.. minhas maos sustentas.
Nao importa, eu seguirei vivendo.
Talvez me trague teus beijos, teus labios macios
De avelâ, de gosto inconfundivel de ciprestes e lírios.
Talvez me trague tua ausencia como um bravo mar
E ainda que desnivelem meu coraçao ao me aquebrantar...
Nao importa, eu seguirei vivendo.
domingo, 6 de julio de 2008
Um conto
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Simples como respirar.
Era como respirar.. e eu mesmo me gritava “Respira!! Respira!” – e entao eu respirava... era tudo e sendo tudo era como nada. Era branco, mas nao branco marfim, nem branco gelo, nem outros centenarios de adjetivos que as pessoas se dao a liberdade de oferecer ao pobre do branco, era puro.. era branco.. e eu me assustava pela pureza de tal branco... pq era um branco verdadeiro. E eu gritava “respira! Respira ! “ e entao eu respirava ... respirava ... e era isso, o branco ficava mais branco, tudo mais embaçado, eu mais perdido e quanto mais perdido ficava mais forte gritava: “respira! Respira! “
Eu me lembro de ter tido uma sensacao assim quando era mais jovem, ha alguns anos atras, era como um dia de verao intenso... mas para ser justo comigo mesmo, nao estou lembrado se dito fato era real ou mera imaginaçao, alias nao sei nem se eu nada mais sonhava esse dia como havia sonhado antes, ou se era real o tal sonho, ou se minha existencia era esse tal sonho e todo o resto era simplesmente a tal dita realidade, uma noite mal durmida, um pensamento mal construido... mal pensado, mal contado ? Quem sabe? Mas nessa exata ocasiao eu ouvia um zumbido, agudo como um violino desafinado... era uma melodia um tanto quanto afavel... com um sopro ecoando inumeraveis vezes, repetindo-se, voltando-se, embriagando-me com esse respiro penetrante e hipnotizador... era musica pros meus ouvidos talvez, ou era como se fosse. E entao eu comecei aos poucos a tomar conciencia, abri os olhos os esfreguei com as maos, coms os dedos largos e solitarios. Entao fiz esforço para levantarme. Me apoiava no branco vertiginoso sem tons ou matizes, era somente ele e eu.. eu e ele.. e claro o zumbido no fundo que tomava força com cada passo que dava no luminoso e embaçado solo. Fui lentamente abrindo caminho entre o zumbido, do que diz respeito a mim, me parecia com minha respiraçao... cada passo por vez.. sem pressa, nao parecia haver tempo, de todas as maneiras, em tal lugar. Me apoiava cuidadosamente no nada e o nada, apoiado em mim, me conduzia pelo branco.. pelo zumbido... pela respiraçao. Caminhava... lentamente... era como flutuar antes de durmir, ou algo parecido a isso. O branco, cada vez mais branco ficava... e de tao branco parecia como se fora luminoso, resplandecente, como olhos na madrugada selvagem... talvez isso fosse, olhos e nada mais. A respiraçao parecia aumentar à cada passo, mais ofegante... mais rasa, mais misteriosa e sombria. E eu me sentia encolher, ou quem sabe era o nada que crescia e me envolvia cada vez mais, me abraçava o nada.. o branco.. a luz... e mais passos eu dava, com menos medo, de certo que sim. Entao o zumbido, a respiraçao... aumentavam, e no fundo, quase como um grito silencioso, emanava das entranhas de tal dito e repetido branco, um grito audaz, transcendente: “ Respira! Respira!”
E eu como sempre respirava.. ao menos assim acreditava... e entao derrepente eu senti meu corpo tao leve quanto uma pluma numa ventania arrebatadora... flutuando livremente pelo branco majestoso que reinava juntamente com a respiracao que de pronto se faz grave e que dizia repetidamente sem cessar “Respira! Respira!” e entao, novamente, eu respirava... e respirava.
Luiz
http://www.myspace.com/luizbucolico
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domingo, 29 de junio de 2008
Curtos poemas de hoje..
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A morte de Joao.
Morreu joao,
Viveu maria
Com a agonia
Da solidao
-Em tua mao,
ei de sangrar
Ate deixar
Mancha no chao!
- Descanse joao,
Os olhos ao fechar...
Irei te sujeitar
Ate entao.
Para se preocupar,
-Vá sem chorar...
- Eu viverei em teu coracao...
E sobrou maria
Com a caricia
Em sua mao.
quem sabe um dia.
Disse maria
à seu corpo no chao...
Luiz
Jordana
Jordana profana,
Que de noite desperta,
tua calma me engana
na noite incerta.
seu olhar me desvia
numa dança insana
onde eu antes vivia.
num silencio audaz.
Quem sabe se engana
ou talvez saiba mais...
Se arrepende jordana
em um salto atras.
Quem sabe nos engana...
Ou quem sabe nao é mais...
de alguns dias atras,
tal menina profana,
tal menina do cais.
Luiz
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sábado, 28 de junio de 2008
1 Poema sem nome e 2 sonetos...
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Quando chegam os teus olhos vadios, cheio de mentiras,
Eu me embriago na sensacao de tuas cores e de teus abraços.
E as peles se roçam como se no fundo nao ouvessem iras,
E teus braços me rodeiam e meus braços ti rodeiam, como em dois laços.
Serpenteando dentro da minha boca um tanto quanto molhada.
E minha lingua, cansada, busca o fogo da tua, com aspera agonia.
E quando enfim encontra acontece tudo e nao acontece nada.
Depois vem tua mao descendo sobre meu fragil peito,
E tuas unhas me arranham, como alguem que quer mais que o prazer.
E se multiplica em milhoes enquanto desce por esse caminho estreito
E aperta meus ossos doloridos, me sufocando entao, com medo de me perder.
E nesse medo eu volto pros seus olhos que ja estao agora molhados,
Passo minha lingua fervendo nos teus labios de saliva querendo derramar.
Me invade a sensaçao de teu mel calido em marê de corpos ilhados.
E entao finalmente me perco em teus olhos ... e me volto a encontrar.
Luiz
Soneto 16
Nacieron vientos fríos de miedo
Y miradas puras de toda mar.
En la primavera callada y sencilla
Que llego por la madrugada de estrellas.
Y ojos de miel pardos de sol.
Nacieron del barro ceniciento
Nacieron del viento primaveral.
Con sus pequeños dedos
Sustenieron las raíces de mis palabras
Que ya no sentían el olor.
Ven de la boca del mar,
Ven también de los ojos del carbón
El color de la mirada tuya.
Luiz
Soneto 14
Cayeron plumas rojas en el barro,
Con miradas calladas de miedo
Con secretos y mil y una excusas
Rompieron el silencio que el viento gritaba.
Pasó la noche y no fue nada,
Se marcho hacia el día soleado.
Y con horas de senderos de plumas rojas
Bailaron por toda la tarde y se quedaron.
Yo vi nacer del proprio barro
La primavera y sus vientos de amor
Con su baile y sus estrellas.
Y las rosas nacieron con montañas
Con espinos y con hormigas.
Del mismo barro de plumas rojas.
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martes, 24 de junio de 2008
4 Poemas e uma palavra.
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4 Poemas..
Mulher da terra
Ha mais vida alem da serra,
Disso, meu amor, eu sei.
Ha algo mais alem da terra
Que eu sem ser dono ti dei.
Ha campos floreados
De rimas e de lenços.
Ha coracoes descampados,
Entre jardins imensos.
Entre as ruinas que nao sao nada
Que o passado agradeça.
Vem, Mulher do ventre desgarrada,
Corrompendo o peito e cabeça!
Ha mais morte alem da serra.
Disso eu tenho quase certeza.
Ha algo mais alem da terra
Que, indecisa, se compadece de tua beleza.
Luiz
Passou
Passou a pedra,
quem lhe dera
ser cimento.
Passou o burro,
quem lhe dera
ser jumento.
Passou a fome,
quem lhe dera
ser alimento.
Passou o tempo,
quem me dera
fosse lento.
Passou o passaro,
quem me dera
fosse só vento.
Passou...
passo à eternidade...
Quem me dera
fosse somente
um momento.
Luiz
Que alegria
Cai a noite.
Se vai o dia.
Que alegria
Que alegria
Com uma estrela e um açoite
Com alegria
Cava o dia
Cava o dia
Brinda os corpos
Com azia
Que covardia
Que covardia.
Chegam os corvos
Sem compania
Que ironia
Que ironia.
Cai a noite
Se vai o dia
Que alegria
Que alegria.
Luiz
O peso da prece
Pesa a prece
Preço pardo,
para os passos
pereçosos.
Pensa e pronto !
Persistes em perder ...
Por quê e para quê
perguntas ?
Passa o pranto,
prende a presa,
proesa de poucos
privilegiados.
Pasos preguiçosos,
prantos precisos,
poemas perdidos.
Preciso permanecer
pairando !
E uma palavra...
"Brilha"
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lunes, 9 de junio de 2008
Seus olhos de grinalda esvaeciam a noite sem fim
Que entre gargalhadas ensaiavam difusos sonetos.
Eu me espelhava na noite, ela se espalhava em mim,
Com suas estrelas cintilantes queimando sobre meus peitos.
Nos embrulhava o frio e junto com ele a lentidao.
Com os braços abertos e ainda tremulos
Ela se esquivava entre os sussuros da amplidao
E balançavamos do ceu... como dois pendulos.
Que iluminava nossos corpos de seda
Na ternura da virgindade nua.
E o silencio fazia do amor um segredo.
Ela era a noite em mim e eu nao era ninguem.
Luiz
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